terça-feira, 27 de abril de 2010

Supercalifragilisticepialidoux

A lua lá fora emprestava a energia que faltava aqui nessa terra repleta de preocupações...
Nada como um whisky e um cigarro para acompanhar aquela belezura toda
Ela ficava ali, na varanda do apartamento cismando no tamanho da virada que tinha dado em sua própria vida...
Ficava pensando também nas perdas passadas nos ganhos atuais e percebia que o maior bônus era a possibilidade de fugir dos padrões de ter direito ao erro.
Mas o que era mesmo errar?
Fazia tantos anos que a cartilhinha de uma vida lhe ensinara a ser tudo o que parecia ser certo...
Agora ela ria da maldita cartilhinha, porque na verdade não a possuia mais...
Havia se libertado dos padrões, das culpas
Afora tudo isso, ela percebia que para ser feliz não podia ter um guia repleto de formas de agir
Felicidade era um direito a se adquirir e isso tinha a ver com tomadas de decisão, de aproveitar cada momento como grande fonte de aprendizado.
Via que a cada queda novos tesouros de conhecimento se descortinavam aos seus pés
Então ela fumava sem remorso, ali sozinha diante da lua...
Seu corpo, seu rosto não eram tão conhecidos assim e por isso ela desejava ardentemente ficar íntima daquele sorriso novo, que por vezes via aparecer no espelho acompanhado de um também novo brilho no olhar
E ela gostava disso
Já não encontrava os arrependimentos
Ela agora se sentia irremediavelmente livre
Podia sair no fim do expediente e jantar no lugar mais inesperado que a sua vontade pudesse desejar
Podia ficar conversando até o dia amanhecer e dar risadas com uma amiga dos últimos tempos e que percebia ser sua irmã de tantas vidas...
Conheciam tanto uma a outra...
Suas dores de amores e do direito de encontrar outros mais doces
Então riam sem parar, talvez imaginando que podiam voar como Mary Poppins
Porque tinham se dado o direito da transformação e como isso tinha um custo alto
Então a cada dia pagavam para ver...
O lucro era o sorriso aberto escancarado e ruidoso
Barulho da alma, de um coração feliz
Ela agora podia perceber que tinha o direito de ficar o tanto que quisesse ouvindo confissões, dando colo sem ter hora certa para chegar
Então diante da lua e do mar ela prometia a si mesma que não havia a menor possibilidade de voltar atrás
Agora a vida era de uma mão só...Sempre em frente
Era a dona do seu destino

domingo, 18 de abril de 2010

Saudades...

As vezes a gente pensa que sabe o que é dor
Ai pensa nas dores físicas
Ou dores da alma
Mas existe uma dor maior...
A dor da ausência
A saudade da mão que faz carinho
Do calor do lábio que deposita o beijo
Da pressão do abraço
Da palavra dita no ouvido
Dos sonhos que deveríamos ter
Das coisas que deveríamos viver
A dor do que tivemos
Ou do que viríamos a ter
Será...
Dói cada dia vivido
Cada sensação
Daquelas que arrepiam a pele
que lhe rouba uma lágrima
Da ausência do corpo que nos faz vibrar
Quando já não existe mais a esperança
Quando a juventude já foi embora
Quando não há mais espaço para tanto
Ai dói, dói a saudade
Do que não podemos ter
Do que é intangível
Dói porque não temos controle
Mas que tanta dor
decerto vale muito...
Porque vale a pena viver por tanto
Só para ter vivido por alguns
Milhares de dias,
A volúpia de uma grande paixão

Quando alguém procura ninguém

Ele chegava sempre antes do tempo
Sabia que o encontro era sempre com outra pessoa
mas insistia em perguntar a todos diante da única sala vazia
Não tem ninguém aqui?
A pobre secretária nem sabia o qu responder, uma vez que ela estava ali!
Tinha uma vontade de dizer que Ninguem havia ido almoçar...
Mas ela se compadecia daquele olhar
porque entendia a paixão
E ele esperava ...
Ela não chegava nunca
As mãos nervosas no notebook escondiam sua ansiedade
Debalde...Ninguém chegava e a reunião tinha início
Entao "ninguém " chegou ... Ele ouvira sua voz
A secretária cúmplice pisca o olho e diz que "alguém" está ali
Agora é a vez dela tremer pela presença daquele certo "alguém"
De repente as portas abrem e "alguém" percebe que o espaço está repleto
Ela que era a procurada "Ninguém"
Torna-se alguém para ele e tudo parece ter sentido
O olhar de cada um torna-se tão grandioso
Que o espaço tão repleto de gente e barulhos
Parece vazio e só existem eles dois
Ninguém amando mais que ela, aquele certo alguém !

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Um príncipe chamado querido

A areia da praia tão macia que estava, lhe afundava os pés.
Segurava as sandálias nas mãos enquanto o vento brincava com seu vestido longo de malha turquesa...
Seus cabelos soltos brincavam no sabor da brisa marinha
Nem lembrava mais quanto tempo estava caminhando , sentia-se plena, tão feliz
O sol ia desaparecendo por trás da Ponte dos Ingleses na romântica Fortaleza
Recordava os dias passados que te tão bons, teimavam em se repetir em sua mente num video tape sem fim.
Nem sabia como tudo aquilo tinha começado...
Havia passado uma semana e tudo parecia ter séculos...
Quem diria que ia conhecer uma pessoa tão encantadora.
Ele abriu seu coração e dividiu com ela tantos mosaicos de sua vida
Ela lhe ouvia com o carinho de uma velha amiga
Ele a cada momento que passava mergulhava em seus olhos, em sua alma
Ela já nem sabia o que fazer enebriada por aquele olhar
Dias passaram mensagens, telefonemas se sucediam
Ela já não sabia o que fazer com aquele carinho todo
Ele lhe dizia exatamente o que ela queria ouvir
Ela ria para o espelho quando pensava nele
E como ela gostava daquele seu sorriso
E se fosse tudo mentira
Certamente era a mais encantadora do mundo
Tinha decidido , ia se deixar levar
Sabia que todas as possibilidades de futuro eram totalmente nulas
Mas aquele principe do olhar, era uma nova história
E ela se deixou levar por seus carinhos
Por seu toque delicado
Por seus doces beijos enfim...
Não lembrava de mais nada, era um tempo mágico
Que ele a presenteava cada vez que pousava nela aquele olhar
Até o dia que ele foi embora
Haviam combinado que nostalgia era uma palavra proibida
Iam viver pela alegria das horas possíveis
E só
Assim ela não conseguia ficar triste na sua solidão
Estava repleta das suas certezas
Para aquele principe, deixaria aberta a palavra voltar
Ela certamente não tinha problemas
Ele tinha aos montes
Ela nada poderia fazer nesse sentido
Ele que tinha sabor de principe encantado
Montado num mustang de puro sangue
Tinha agora passe livre no seu regaço
Ela seria Sherezade e lhe contaria histórias sem fim
Assim ele poderia ficar por muito tempo em sua vida
Ela era livre
Ele sabia disso e assim queria ser
Ela sabia que não era especial
Seria só mais uma na sua história
Mas ela não se preocupava com isso
Ela queria só a mágica dos momentos que ele lhe oferecia
E assimm seguiam a trocar mensagens
Intermináveis
Como cabe aos corações repletos de paixão
Tanta distância física,não afasta quem se quer bem
Agora sozinha na praia ela, que não é triste
Sente a carícia do vento
Se encanta com o barulo das ondas que vez em quando lhe toca os pés
Ela guarda as lembranças daqueles dias tão intensos
E se permite aquele sorriso faceiro
Próprio de quem ainda se permite o desejo
Mas no fundo ainda deseja que ele surja
Tal qual Robin Wood e lhe roube o coração
Mexa com o seu controle
E possam novamente fugir para sua floresta imaginaria
Onde nenhuma dor alcanca
Onde ela possa megulhar no seu olhar
E se permitir ficar tonta e de sorriso bobo
e não pensar em nada....