O Natal vinha chegando e com ele todos significados
Isso é o que Ela mais temia...
Tinha ficado dispersa sabe-se lá quanto tempo, olhando para a vitrine enfeitada da loja de grife em que se encontrava .
Odiava ir ao shopping mas, como safar-se naquela época dos compromissos dos presentes?
Piscou rápidamente para que a lente de contato ficasse mais umificada e voltou a prestar atenção na vitrine.
Imensas bolas prateadas pendiam do teto , tudo era realmente tão bonito naquele período do ano.
Gostava de comprar os presentes ainda em outubro mas devido a tantos compromissos tinha iniciado essa função, nos primeiros dias de Novembro. Ai não tinha jeito, era cair na armadilha daquele clima natalino com musiquinha e o rombo no cartão de crédito.
Que remédio!
Lembrava da época de criança pobre, quando o Natal significa só ver vitrines e nada mais. Tempos difíceis de grandes desejos e renúncias muito maiores.
Negava-se todavia, a aceitar que o Natal fosse nostálgico.
Transformava sua vida naquela época, procurava criar um clima propício a sentimentos de alegria. Esmerava-se nos enfeites, nos detalhes de lacinhos, de sininhos e músicas natalinas. Simplesmente amava montar a árvore o presépio e tudo mais.
- Natal só deveria ser alegria - pensava ela lutando com o sentimento de extrema tristeza que se apoderava dela depois de tantos anos. Eram tres anos de perdas sucessivas de entes queridos. Tinha começado com seu pai, depois com o acidente de seu marido e terminado com o suicídio de sua irmã. Não dava nem para superar uma e outra perda já havia acontecido.
- A morte é uma certeza completamente dispensável - pensou balançando a cabeça.
Resolveu desanuviar a mente indo tomar um café para espantar os pensamentos aziagos.
Sentou numa mesinha no fundo da loja porque tinha a vista da cidade. Assim, de costas para a entrada, podia ficar mais a vontade sem se preocupar com os olhares de algum conhecido que entasse. Não suportava mais receber pêsames.
_ Já escolheu senhora? _ Perguntou a garçonete solícita se aproximando da mesa
Ela estava com o cardápio aberto mas o olhar espraiava-se pela cidade aos seus pés.
_ Um capuccino , por favor.
A garçonete anotou o pedido e se retirou levando o cardápio.
Ela remexeu uma das sacolas e retirou o livro que acabara de comprar, mais um guia de viagens, era sua mania.
Estava de viagem marcada para Petra com duas amigas, iria no início do ano e precisava saber mais do lugar para que o passeio fosse aproveitado ao máximo.
Tinha começado a ler mas o barulho do ambiente e sua impaciência, não ajudou na sua concentração. Guardou o livro de novo e então, apoiou o queixo nas mãos deixando os cotovelos sobre a mesa, pouco se importando com a etiqueta. Ficou ali pensando enquanto esperava ser atendida, pensando na vida.
De repente uma bengala caiu aos seus pés e assustou-a. Viu tratar-se de artigo usado por deficientes visuais. Apanhou-a rapidamente para devolver ao dono.
-Opa,vejo o susto lhe acordou ! - disse uma voz masculina ao seu lado
Ela virou-se e viu tratar-se de um senhor muito elegante. Era alto e esguio. Os cabelos fartos eram quase todos brancos apesar do rosto, ser ainda bem jovem. Usava um óculos escuros e tinha um sorriso perfeito.
-Não estava dormindo, estamos numa cafeteria. _ Respondeu Ela rispidamente, surpresa pela incoveniência do desconhecido.
- É verdade, mas penso que sonhando você estava...E daqueles sonhos bons porque, perdi a conta das vezes que suspirou - disse ele com outro sorriso maravilhoso e parecendo não se importar nem um pouco com o tom da sua voz nem com a cara de poucos amigos.
Ela já havia até esquecido da bengala na sua mão
- Com licença vou procurar de quem é isso - e mostrou a bengala para Ele
- Bom se "isso" for a minha bengala pode me entregar agora que eu agradeço...sorriu lindamente
Ela ficou sem jeito pois não imaginava, que ele possuisse aquela deficiência.
Percebia seus olhos por trás da lente degradê dos seus óculos relativamente escuros e tinha visto que ele a fitava com atenção.
- Err...disse gaguejando não imaginava que fosse sua, pois aqui do outro lado tem uma senhorinha de idade e eu...
_ Bom vou tomar essa atitude como um elogio - primeiro porque estou fingindo muito bem e deu uma gargalhada - Afinal ser cego e convencer que enxerga, é sensacional não ?
Ela não conseguiu responder, tão estupefata que estava
- Não precisa ficar assim disse ele calmamente - Desculpe a intromissão mas eu estava aqui a algum tem antes de você chegar. Percebi que deve estar sendo difícil esse dia pois até para puxar a cadeira ...
- Como assim ? Como você percebeu tudo isso sem me enxergar? Desculpe mas o senhor está sendo incoveniente.
- Desculpe então, não fique chateada ...Desde que fiquei assim, meus outros sentidos ficaram mais potencializados ..Sabe como é , né? Você já deve ter ouvido falar nessas coisas.
- É... - Já não sabia o que dizer para aquele homem que se fazia tão íntimo
- Você trabalha em que ? ele perguntou
- Sou advogada. Auditora aposentada.Respondeu retesando-se na cadeira, procurando ser objetiva e cortar o papo. Afinal aquela conversa estava ficando maior do que precisava
- Então não mande me prender pela agressão da bengala, ok? riu novamente.
- Não tinha essa intenção, creia - Parecia que toda a sua intenção de fechar ocontato era em vão para aquele vizinho verborrágico
A garçonete chegara finalmente com seu pedido e o cheiro do capuccino encheu suas narinas com aquele aroma suave e adociacado.
- Também adoro capuccino, me lembra a Itália, especialmente Milão. Nada como o outono, assistir uma ópera e depois tomar um capuccino na galeria .
Ele não parava de falar com Ela com sua voz grave e calma. Certamente era prazeroso ouvi-lo pois oferecia uma riqueza de detalhes sobre os locais e momentos que havia vivenciado
Ela ouvia aquela dissertação sobre os prazeres da Itália, bebericando seu capuccino vagarosamente enquanto analisava com cuidado as linhas do queixo quadrado daquele homem atraente.
-Como será que Ele ficou cego desse jeito? - Ela se indagava - Porque para conhecer tudo com tantos detalhes deve ter sido há pouco tempo, concluiu.
- Você ainda está ai ou estava sonhando de novo?
- Como?
_ É que fiz uma pergunta e você não respondeu...
- E que estava "viajando" com sua história ai me distraí, perdão - Ficava se perguntando ao mesmo tempo porque não saia dali. Por que permitia aquele homem ficar participando sua vida com ela.
- Se assim é metido imagina quando enxergava! _ pensou ela
- Você deve estar me achando muito incoveniente não é mesmo. Me desculpe , é que as vezes me empolgo quando tenho uma mulher bonita por perto...
- Bonita? Você nem está me vendo ou tocando...
- Se você não enxergasse ia saber do que estou falando.
Ela percebeu que o tom da voz que havia falado com ele havia sido grosseiro novamente. Certamente Ele a tirava do sério mas isso não justificava perder os bons modos.
Terminou o seu capuccino rapidamente e despediu-se dele.
_ Sinto muito deixa-lo mas, tenho um compromisso. Foi um prazer conhece-lo. Estendeu a mão pra cumprimentá-lo e vendo que ele não percebia, tomou sua mão apertou-a com firmeza.
_ Posso dizer que senti o mesmo disse Ele levantando-se rapidamente.
_Espere um momento. Colocou a mão no bolso traseiro da calça e de lá retirou seu cartão de visitas.
- Quem sabe você possa me ligar para tomarmos um café na mesma mesa, prometo não falar muito. da próxima vez...Vou só ouvi-la, prometo disse oferecendo outra vez aquele sorriso radioso.
Ela estirou a mão para pegar o cartão dele e em seguida ofereceu o seu. Ele tocou sua mão e disse .
- Você tem as mãos macias de intelectual. Espero que ligue para mim.
- Ela sentiu seu rosto arder. Estaria ruborizando? - Era só o que estava faltando - dise consigo mesma - Seus olhos encontraram os dele, que fitavam o seu rosto guiado pelo som da sua voz. Era um homem realmente encantador.
Duas semanas se passaram desde aquele dia. Suas amigas haviam desistido de viajar para a Jordânia , Ela estava tremendamente aborrecida, havia planejado cuidadosamente cada detalhe, cada local a conhecer e agora tudo fora de água abaixo...
Quando o telefone tocou estaba sentada na bay window do seu quarto olhando a chuva de verão que transformava a paisagem, gostava das tempestades
_Alô falou impaciente
- Não me diga que depois de tanto tempo ainda liguei na hora errada.
Ela sabia muito bem de quem era aquela voz. Ficou patalisada sem saber o que falar
_ Ei tem alguém ai do outro lado? ele ria divertido
Parecia sempre estar sobre controle. Ela praticamente começava a odiá-lo por isso
_ Oi como vai... foi o máximo que conseguiu falar
_ Comigo tudo ótimo, mas com você o caso parece diferente , não?
_É hoje eu não estou num dia muito bom.
_ Que tal comemorarmos esse "desastre" naquela cafeteria?
_Hoje eu não enfrentaria um shopping nem amarrada - Sorriu
_ Então que tal jantarmos ? Olhe nem se preocupe que não vou dirigindo, afinal quero beber um pouco, terminou com uma risada
Como ela podia resistir a tamanho charme...Aquele homem possuia a capacidade de tira-la do sério . Mas naquele dia talvez ela estivesse precisando mesmo de um bom divertimento.
_ Tudo bem, a que horas devo estar pronta ?
_ 20 horas está bom prá você?
_ Tudo bem então
Ela desligou o telefone e uma alegria adolescente tomou conta dela. Sorriu mordendo o canto do lábio enquanto olhava a ventania que castigava as árvores em frente ao seu prédio.
continua...
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Confissões de uma cinquentinha
Amanhã fico triste... Amanhã!
Hoje não...Hoje fico alegre!
E todos os dia, por mais amargos que sejam, eu digo:
Amanhã fico triste, hoje não!
Poema encontrado em uma parede de um dormitório infantil do campo de concentração de Auschwitz.
Recebi hoje por email, esse poema lindo da época da Segunda Guerra e percebo que ele foi meu lema por toda a vida.
Ai resolvo fazer algumas confissões...
Antes ser a leveza do bambu, que não fornece a sombra do carvalho,
mas canta com o vento e verga,
mas não quebra com a tempestade...
Não expõe suas raizes
Não desiste, se recupera...
Sou esse tipo
O tipo que tem o riso fácil e o choro difícil
Que ainda se encanta e acredita que tudo pode melhorar
Do tipo que se quer bem e gosta de querer bem.
Não sou mulher dependente de nada...
Não sou metade, gosto do que é inteiro
Não gosto do medo e os desafios me inspiram
Coloco paixão em tudo que vejo ou faço
Sou intensa...
Gosto dos milhares amigos e amigas que tenho,
espalhados por esse mundo de meu Deus...
Gosto dos seus abraços, das saudades ditas
Percebo o tempo que passa e o que vou deixando para trás
Então mudo o olhar, porque há o futuro
E o meu presente repleto de descobertas...
Me encanta essa fase da vida...Cinquentinha
Com o corpo e o coração marcados...
De resistências e lembranças,
de amores e algumas dores vãs.
Uma mulher como muitas...
E de tão comum que sou , eu me disfarço
Nessa poesia que é o meu viver.
domingo, 13 de dezembro de 2009
O principe das quintas feiras
Sua vida parecia estar estacionada há mais de trinta anos, pensava Ela...
Nunca havia tido grandes emoções, aliás na possibilidade de haver alguma, abortaria certamente qualquer incursão nesse terreno perigoso.
A vida lhe havia cobrado um comportamento muito linear e para isso acontecer, as emoções deveriam estar sobre extremo controle...
Até aquela quinta feira...
Já estava se acostumando a sua vida sozinha depois da sua separação.
Uma coisa considerava como adequada, não se deixar mais envolver por qualquer sentimento que lhe deixassse refém de outra pessoa.
Acreditava que a partir dos cinquenta, sua idade lhe forneceria a proteção que precisava para se manter na sua vidinha pacata.
Até aquela quinta feira...
Havia combinado com as amigas um encontro num barzinho da moda. Com a mania que tinha de pontualidade, percebeu tardiamente ao descer do taxi e entrar no barzinho, que havia chegado antes de todas....
Retirou o óculos e sabendo que sem eles não enxergaria ninguém, atravessou o bar corajosamente e procurou a última mesa, para poder esperar suas amigas sem chamar muita atenção.
Algum tempo depois elas chegaram e o papo correu solto, uma noite de muitos assuntos e risos. Era agradável dividir a mesa com aquelas amigas queridas...
Até o momento que começou a chover. Como o local em que estavam era descoberto precisavam sair rápido antes que se molhassem completamente.
_ Vamos levar a mesa mais para o canto - disse uma de suas amigas
_ Que nada , você não percebe que ali vai nos molhar de qualquer jeito ! Tentava contemporizar
Mas sua amiga parecia não compreender que, o pequeno abrigo não seria suficiente para a chuva forte que começava a cair sem nenhum sentido, depois de um céu lindo e repleto de estrelas
_ Que chuva mais fora de hora ? pensava
_ Posso ajudar? Uma voz masculina se fez perceber e ela que pensava ser o garçom, desistiu da empreitada de convencer as amigas do transporte insano, da mesa, para um cantinho pouco abrigado.
Em dois minutos a mesa parecia flutuar suspensa por mãos desconhecidas levando-as para um local totalmente seguro daquela molhadeira toda..
Ela seguia a mesa com suas alegres amigas, esperando onde aquela excursão ia parar, afinal já estavam perto de ir embora. Pensava que era muito mais sensato pegar a conta e terminarem a noite...
Mas tudo parecia muito mágico naquela quinta feira, afinal quem ia pensar em chuva naquela noite linda?
Quando a mesa baixou ela percebeu que o "bom samaritano" não era um garçom... Tratava-se de um homem muito bonito. Era alto e grisalho e com um sorriso desses que amolece qualquer coração empedernido.
Sua amiga ofereceu a Ele um lugar à mesa, uma vez que a dele havia ficado completamente encharcada.
Ele recusou com polidez afirmando que não gostaria de atrapalhar a conversa delas.
_Um perfeito cavalheiro. Ela pensou examinando-o com cuidado.
Sua amiga continuou a insistir dizendo que estavam para pedir a conta e que era o máximo, que podiam fazer, para agradecer a sua gentileza.
Ela aproveitou o momento e foi ao toalete, para se refazer do desastre que a chuva havia feito em sua maquiagem e cabelo. Afinal a vaidade era seu maior pecado.
Ao voltar, percebeu que Ele conversava animadamente. O único lugar vago era justamente ao lado daquele desconhecido.
Sentou-se um tanto resabiada e voltou a conversar com uma das amigas e de vez em quando, respondia a alguma questão que lhe faziam.
Logo depois uma delas foi embora e Ela teve que esperar a outra, que havia lhe prometido uma carona.
Meia hora mais e já havia trocado algumas idéias com Ele, que se mostrava cada vez mais, uma pessoa muito amigável.
Ela estava feliz em ver sua outra amiga conversando com Ele. Justamente a mais fechada de todas, e cheia de pudores, finalmente parecia tão a vontade...Não tinha nem coragem de pedir para ir embora.
Quando finalmente pediram a conta Ele pareceu lamentar muito.
Trocaram cartões e seguiram para casa animadas pela amizade com uma pessoa tão agradável.
Ao chegar em casa Ela ligou a torneira da banheira planejando um tempo para relaxar antes de dormir, sabia que assim o sono viria mais fácil. Aproveitou para tirar a maquiagem
cuidadosamente, quando o seu celular tocou.
Do outro lado uma linda voz masculina lhe pedia desculpas por ter ligado tão tarde mas, imaginava que ainda estivesse acordada...Queria agradecer pela noite tão especial e saber poderiam se encontrar novamente.
Ela, muito desconcertada, conseguiu lhe responder que sim, imaginando que aquele convite estava envolvendo suas amigas também. Desligou o telefone intrigada.
Pensativa se deixou envolver pela espuma da banheira, tentando organizar seus pensamentos...
Afinal porque tudo aquilo estava lhe incomodando? Perguntou a si mesma
_ Era melhor dar um basta em tudo isso. Falou para si mesma.
Levantou da banheira, tomou uma chuveirada e foi dormir certa que aquilo não mais se repetiria.
Dois dias depois Ela viajou de férias e esqueceu completamente de tudo aquilo que havia acontecido .
Um mês depois já de volta a sua casa, atendeu uma ligação e quase não reconheceu aquela voz...
_ Quanto tempo não, disse Ele, pensei que não queria mais falar comigo... Te liguei várias vezes e como não atendia não atendia, pensei que tivesse ficado com chateada com alguma coisa...
Surpresa e sem jeito Ela respondeu:
- Não foi nada disso . Na verdade estava fora da minha cidade de férias, o telefone ficou a maior parte do tempo desligado e como não gravei o seu número, não retornei suas ligações.
Ele riu sedutoramente do outro lado ...
_E ai a gente pode sair?
Ela ficou surpresa com o convite mas, conseguiu manter o controle sobre a sua voz
_ Bom vou falar com minhas amigas, se elas puderem eu vou. Ligue amanhã que lhe dou uma posição.
Desligou o telefone estupefata...
O que estava acontecendo? Por que aquele homem ficava lhe ligando? Será que ela havia lhe dado alguma possibilidade de aproximação sem ela tivesse percebido? Estava tão confusa. Tinha tanto medo de parecer vulgar...
Falou com suas amigas e todas toparam o encontro do dia seguinte.
No outro dia quando Ele ligou e combinaram o local e a hora para reunirem-se . Durante o dia mais tres ligações foram feitas dele para Ela certificando-se de que tudo estaria certo para mais tarde...
Ela ficava cada vez mais confusa se havia agido certo aceitando aquele encontro... Não estava pronta para dar esperanças de relacionamento a ninguém.
Mas depois pensou que já não era nehuma adolescente e que não havia nada de errado em aceitar aquele convite.
À noite procurou vestir-se da forma mais formal possível. Não queria surpresas. Intimamente tinha uma desconfiança que o foco não era ela e sim sua amiga.
Era nisso que se apoiava e lhe dava coragem de comparecer.
Na hora marcada elas chegaram ao local combinado e Ele já estava esperando...
Elegantemente vestido, levantou-se de forma cortez para recebe-las mas, sua amiga o convenceu a ir para outra mesa, mais perto dos músicos que enchiam o lugar de sons da melhor qualidade.
Ele puxou a cadeira para sua amiga e Ela mais que depressa sentou-se em uma cadeira próxima para não oferecer a Ele nenhuma possibilidade de aproximação...
Ela precisava manter tudo sobre o seu controle.
Minutos mais tarde uma outra amiga chegou e as conversas se sucederam.
Parecia haver assunto para muitas noites...
Ela aproveitou um momento e saiu da mesa, para fumar no lugar adequado, fora do restaurante. Sabia que quanto mais distância estivesse daquele homem, mais segura Ela estaria...
Por que será que Ele mexia tanto com Ela?
_ Vim ficar um pouco com você, para que não ficasse sozinha aqui...
Ficou surpresa mas Ela sabia de quem era aquela voz...
Virou-se lentamente e lá estava Ele, com aquele olhar sedutor prescrutando sua alma dentro dos seus olhos.
_ Não precisa se preocupar, aqui é seguro - Foi o máximo que Ela conseguiu dizer.
_ Esse cheiro do cigarro é um perigo, faz tempo que deixei de fumar
_ Isso quer dizer que você está com vontade de transgredir? Ela falou e riu meio sem jeito
_ Eu posso? Disse Ele carinhosamente
_ É, eu acho que um traguinho não vai ser um pecado tão grande.
_ É, também acho que não...
Pegou o cigarro de suas mãos e o levou a boca, tragando com força
O tempo parecia ter parado enquanto a fumaça saia daquela boca ...
Mas por que diabos Ela havia falado aquilo tudo? pensou atônita.
Culpou o martini que havia tomado.Certamente estava tendo atitudes que não aprovava.
_ Esse cigarro está uma delícia, disse Ele com aquela voz de locutor de rádio
_ É quando a gente passa muito tempo sem fumar parece que é o gosto...
_ Não é nada disso - interrompeu Ele e continuou
_ É porque passou pela boca que estou apaixonado há um mês ... completou ele provocante
E agora...
Era tudo que Ela não estava preparada para ouvir naquele momento.
Por mais que tentasse fazer "cara de paisagem" certamente não conseguiria...
_Vai dizer que você não percebeu que estou interessado em você? Perguntou Ele jogando charme.
_ Imagina... Pensava que você estava interessado em minha amiga - Falava tentando não gaguejar.
Uma parte dela queria sair dali, mas a outra queria ficar para sempre.
Quanto tempo havia passado em sua vida sem receber um galanteio daquele. Podia até ser falso, mas era bom de ouvir certamente...
_ Acho melhor entrarmos, minhas amigas devem estar estranhando esse tempo todo que estamos aqui fora.
Sem esperar resposta, entrou no restaurante sem saber se Ele a acompanhava.
Ao chegar à mesa percebeu que suas amigas trocaram olhares e que haviam entendido tudo. Uma delas pediu licença para se retirar e a deixou sem muitas explicações.
Ela se sentia tão desonesta com aquela amiga pois, sabia que era a mais próxima dele e com quem mais conversava.
Talvez tivesse interessada por ele...
_ Meu Deus por que estou permitindo que tudo isso esteja acontecendo. Pensou Ela se questionando confusa.
O grupo agora menor parecia ter a conversa mais difícil pois o olhares entre eles não eram mais os mesmos e foi ai que a segunda amiga comunicou que ia embora.
Pensando em pedir carona e dirigindo-se para o carro da amiga Ela ouviu Ele dizer...
_ Queria tanto poder dar uma volta na beira mar
Sua amiga prontamente aprovou o convite e disse a Ele piscando o olho
_ A noite está linda mas como tenho que trabalhar cedo amanhã Ela vai com você porque mora mais perto do mar... Riu para Ele de forma cúmplice e entrou no carro.
Ela, ficou ali, paralisada, enquanto Ele abria a porta do carro educadamente esperando que Ela se acomodasse. Ele não se tratava mais de uma pessoa estranha...
No dia que antecedera o encontro, Ela já havia pesquisado tudo sobre Ele e sabia tratar-se de uma pessoa muito confiável.
Sentou-se escorada a porta do carro, com a mão sobre o trinco da porta.
Todas as fibras de seu corpo estavam tensas...
Ele ligou o carro e parecia muito relaxado. Falava sobre algo que Ela não conseguia se concentrar.
De repente parou o carro num local mais calmo e lhe disse suavemente.
_ Eu não faria nada com você que não permitisse, pode relaxar...
Ela sorriu meio sem jeito daquela atitude tão adolescente e afastou-se da porta um pouco mais.
_ Essa lua está linda não é mesmo? Disse Ele tentando entabular uma conversa
Ela balançou a cabeça afirmativamente e viu o reflexo do satélite refletido no mar...
A atmosfera era romântica demais para o seu tão pouco controle...
Ele tocou sua mão com suavidade e levou à boca, depositando na palma um beijo suave.
_ Eu jamais lhe faria mal nenhum... Disse Ele com a voz rouca de desejo
Ligou o carro e continuou a seguir até o final da beira mar em silêncio.
Ela conseguiu falar enfim .
_ Você sabe que essa nossa situação não tem passado nem futuro não é mesmo?
_ Sei - Ele afirmou prontamente
_ E que nessa nossa idade ninguém pode cobrar nada de ninguém não é mesmo ?
_ É também penso assim... Ele concordava sério
_ Bom se for assim então podemos continuar e ver onde tudo isso vai dar...
Ela estava tão certa que tinha tudo sobre controle...
_ Então posso te dar um beijo, Ele perguntou
E Ela, que naquele momento, queria parecer moderna e dona do seu tempo aquieceu...
_ Pode
Ele aproximou-se com delicadeza e beijou-a. No início com delicadeza mas, os dois corpos queriam muito mais e o beijo foi ficando cada vez mais exigente.
Sabendo que estava nas últimas forças do seu controle Ela pediu com um fio de voz...
_ Você me prometeu levar para casa não foi?
Ele olhou-a bem dentro dos olhos e visitou novamente sua alma.
Sabia naquele momento que a teria facilmente, mas certamente muito mais por seus valores do que seu desejo, preferiu concordar.
Tocou com carinho seus cabelos, seu pescoço...
Afastou a jaqueta dela, deixando aparecer seu colo ainda protegido pela camiseta e depositou um beijo...
_ Me apaixonei há um mês por sua boca, mas hoje me apaixonei pelo seu colo... Você é uma pessoa especial. Sua voz saia arrastada e cheia de mais desejo
Afastou- se lentamente e pediu que ensinasse o endereço de sua casa.
Ela não sabia mais o que dizer...Por que Ele era tão maravilhosamente sedutor?
Sabia que precisava tomar cuidado com o que estava acontecendo com Ela.
Afinal havia feito um discurso de relacionamento de uma frieza implacável, era essa a imagem que queria oferecer para Ele...
Uma dama de ferro
Quando chegou no portão de sua casa Ele puxou-a lentamente para si e beijou-a no pescoço tocando-a com suavidade na nuca...
_ Ligue para mim quando quiser - sua voz saiu mais rouca
_ Não vou ligar, não quero atrapalhar sua vida. Quando você quiser, ligue.
Deu um sorriso e afastou-se rapidamente. Sequer olhou para trás.
Precisava fugir dele isso era certo. Sabia que Ele era uma pessoa capaz de quebrar seu controle. Ele havia mexido com um terreno bem perigoso para ela... Suas emoções
Precisava se preparar para resistir.
No domingo seguinte Ele lhe ligou e perguntou de sua vida e quando poderiam se encontrar de novo... Ela quase capitulou diante daquela voz cheia de sedução.
Mas a vida dela estava repleta de compromissos e viagens de trabalho, cuidadosamente agendadas para mantê-lo distante...
Ela ainda não estava pronta para uma relação tão diferente e sem compromissos como havia proposto e com uma pessoa absurdamente apaixonante.
Não seria mais refém de ninguém em sua vida.
Mas as ligações se sucediam e as mensagens mútuas via email iam fortalecendo esses estranhos laços...
Até que numa certa quinta feira, Ela recebe um telefonema dele perguntando se estava em sua cidade. Ela afirma que sim...
Ele, que vinha chegando de uma viagem, pergunta se podem se encontrar naquele dia e Ela, achando que já estava totalmente segura, aceita.
Juntos, transformam aquela quinta feira, numa poesia de delicadas sensações...
No dia seguinte Ela acorda renovada, seu coração todavia, começa a dar sinais que não devia.
_ Estou apaixonada? Mais que diabos estava acontecendo? Pensou Ela intrigada com o que estava sentindo
Se percebeu desejando o dia inteiro que ele lhe telefonasse... Mas o silêncio foi total.
Não resistiu, precisava falar com ele estava tão feliz... Se sentia com 15 anos.
Arrebanhou todas as forças e esqueceu de todos os seus pudores e ligou para Ele...
Com surpresa percebeu que não era a mesma pessoa que lhe atendeu. Parecia ser outro homem, muito diferente. Não era mais seu cavalheiro, seu príncipe de armadura reluzente
Ele parecia ter medo dela, falava de culpas...
O dia que havia começado cheio de sol, havia ficado cinza de repente...
Então Ela se sentiu tremendamente só com sua alegria sem sentido...
Nos dias que se seguiram, passou a enviar a Ele todo tipo de mensagens que fossem capazes de mostrar a Ele quem era Ela...
Afinal se conheciam tão pouco. E estava tão perdida com tudo aquilo.
Se perguntava porque havia permitido tanta intimidade, não estavam prontos certamente.
Ela percebia finalmente, que não tinha perfil para relações sem afetividade, precisava se sentir amada ...
Mas essa, não era a forma de relação que Ela havia proposto a Ele, sob a luz do luar.
Percebia então que estava traindo um compromisso acertado.
Problema dela que estava se apaixonando...
Mas Ela insistia em mostrar a Ele sua alma...
Quem sabe assim Ele perceberia que Ela era diferente do que queria mostrar naquele dia, no princípio de tudo.
Até que houve outra quinta feira...
E Ele lhe ligou querendo vê-la.
Ela de tão feliz, pensou enfim ter-lhe tocado o coração...
Passou horas tentando escolher a roupa que ia parecer mais bonita, para seu cavaleiro de armadura reluzente...
Aprontou-se com apuro.Mas ele não apareceu...
Milhões de justificativas foram depositadas em seu ouvido, pelo telefone.
Ela foi dormir triste, porque sabia que estava tentando acreditar em coisas que não existiam...
Na outra semana Ele lhe ligou ainda pedindo desculpas e combinando outro encontro e Ela, com sua auto estima ainda tão baixa, aceitou .
Afinal era quinta feira...
Viveram uma noite tão repleta de momentos , uma noite plena de paixão.
E Ela novamente pensou ter tocado o coração daquele homem bonito ...
No dia seguinte a história se repetiu .
Seu principe se transformou novamente em sapo, deixando sua vida um pântano de culpas ...
Ela precisava terminar com tudo aquilo...
Precisava pensar nas quintas feiras mágicas, para ter coragem de aprender a viver novamente consigo mesma...
Ai Ela se fez silêncio
Ai Ela se fez ausência
Ai Ela percebeu que Ele não sabia o que era o seu amor...
Ele sabia o que era seu próprio desejo, era o que tinha para lhe oferecer ...
Era o combinado...só isso
Ai Ela percebeu como Ele era só...
Como não sabia viver seus sonhos...
Havia transformado o ato de sonhar em transgressão.
Ele só se permitia sonhar nas quintas feiras.
Nos dias que se seguiam vivia desgraçadamente afundado em trabalho e culpas, em troca de um arremedo de vida para ser o que os outros queriam que ele fosse.
Ele tinha que ser um sucesso... Isso era o que lhe parecia.
Pensou nele com carinho,não podia evitar.
Já gostava dele de verdade, não podia mudar isso.
Mas a vida havia lhe ensinado a duras penas, que deveria gostar muito de si própria para poder correr a trás do que valia a pena.
E Ele tinha tudo para valer a pena para Ela...
E porque Ela sabia que Ele se transformava em principe às quintas feiras, Ela lhe dava mêdo! Porque Ele parecia vislumbrar através de toda aquela magia, possibilidades de questionar sua construção rígida de vida organizada, em que Ele envelhecia.
Ela tocava o corpo dele e percebia esse sofrimento.
Então decidiu que não iria mais sofrer por Ele nem por Ela mesma.
Chegou a outra quinta feira e Ela decidiu ligar, a despeito do silêncio dele...
Perguntou corajosamente a Ele se poderiam se encontrar...
Ele que estava em sua casa cansado de um dia inteiro de trabalho não pareceu tão animado, mas Ela que estava decidida a ser feliz, não desistiu e foi ter com Ele.
Não mais encontrou aquele homem entusiasmado e sedutor dos primeiros dias...
Ele definitivamente não parecia um príncipe...
Era só um homem com medo de tudo que Ela podia significar
Olhava para ele e lembrava da poesia Conto de Nadas de Diego Grando..
Era uma vez
um principe encantado
transformado em sapo.
Era uma vez
uma donzela adormecida
que aguardava um beijo.
Era uma vez
uma possibilidade...
Então Ela foi carinhosa com Ele mesmo no seu pantano de dor.
Porque apesar de tudo Ela lhe queria muito bem.
Tocou seu corpo tão cansado e maltratado por uma vida de razões e de certezas...
Espalhou óleos essenciais suavemente tentando afastar suas dores.
E eram tantas...
Ele foi se entregando com receio, porque sabia que Ela sempre trazia consigo a possibilidade da transgressão na sua intimidade...
Ele a achava "over demais" na sua vida...
Ela lhe deu um sorriso triste, mas Ele nem notou...
Estava "too heavy ", Ela pensou
Ele com medo de gostar dela, não conseguia mais fitar seus olhos nem beijar a palma de sua mão. Porque no seu íntimo sabia que ela já tinha significado para Ele...
Melhor que não tivesse.
E nessa quinta feira, que lhe parecia ser a última...
Ela o deixou em casa, refeito das dores do seu corpo, pelo toque de suas mãos repletas de carinho. Repleto de beijos, simulacros do seu amor.
Mas ainda havia dor na profundidade do seu olhar...
Entretanto Ela não podia salva-lo disso...
Queria poder protege-lo de tanto.
Mas sabia fazer parte da dor do seu olhar e isso lhe era penoso...
Ele a acompanhou até a porta e desejou que Ela ficasse bem...
Ela olhou para trás e lhe desejou o mesmo...
Ele por medo de gostar dela, preferiu se manter na segurança do real
Ela, porque gostava muito dele, queria que Ele se apoderasse do seus próprios sonhos...
Ai guardou seus beijos para possíveis quintas feiras, quando Ele quisesse ser príncipe.
Quando não tivesse medo de se transformar, com a magia que Ela lhe trazia...
Ela que já gostava dele...
Se fez bonita
Se fez silêncio
Se fez ausência
Se fez para sempre, a lembrança das possibilidades de quintas feiras mágicas ...
Estacionou o carro ao chegar em casa, abriu a janela do quarto e ouviu ao longe os sons de um sucesso dos anos oitenta.
"Eu protegi teu nome por amor, com um codinome beija flor"
Sorriu, olhando para o céu repleto de estrelas, como na noite em que o conheceu.
Preparou um martini, acendeu um cigarro e ficou feliz consigo mesma.
Já não temia sentir emoção nenhuma.
Tinha as chaves do seu próprio reino e agora havia aprendido a permitir que sapos virassem príncipes
Estava inteira.
Sabia esperar
Nunca havia tido grandes emoções, aliás na possibilidade de haver alguma, abortaria certamente qualquer incursão nesse terreno perigoso.
A vida lhe havia cobrado um comportamento muito linear e para isso acontecer, as emoções deveriam estar sobre extremo controle...
Até aquela quinta feira...
Já estava se acostumando a sua vida sozinha depois da sua separação.
Uma coisa considerava como adequada, não se deixar mais envolver por qualquer sentimento que lhe deixassse refém de outra pessoa.
Acreditava que a partir dos cinquenta, sua idade lhe forneceria a proteção que precisava para se manter na sua vidinha pacata.
Até aquela quinta feira...
Havia combinado com as amigas um encontro num barzinho da moda. Com a mania que tinha de pontualidade, percebeu tardiamente ao descer do taxi e entrar no barzinho, que havia chegado antes de todas....
Retirou o óculos e sabendo que sem eles não enxergaria ninguém, atravessou o bar corajosamente e procurou a última mesa, para poder esperar suas amigas sem chamar muita atenção.
Algum tempo depois elas chegaram e o papo correu solto, uma noite de muitos assuntos e risos. Era agradável dividir a mesa com aquelas amigas queridas...
Até o momento que começou a chover. Como o local em que estavam era descoberto precisavam sair rápido antes que se molhassem completamente.
_ Vamos levar a mesa mais para o canto - disse uma de suas amigas
_ Que nada , você não percebe que ali vai nos molhar de qualquer jeito ! Tentava contemporizar
Mas sua amiga parecia não compreender que, o pequeno abrigo não seria suficiente para a chuva forte que começava a cair sem nenhum sentido, depois de um céu lindo e repleto de estrelas
_ Que chuva mais fora de hora ? pensava
_ Posso ajudar? Uma voz masculina se fez perceber e ela que pensava ser o garçom, desistiu da empreitada de convencer as amigas do transporte insano, da mesa, para um cantinho pouco abrigado.
Em dois minutos a mesa parecia flutuar suspensa por mãos desconhecidas levando-as para um local totalmente seguro daquela molhadeira toda..
Ela seguia a mesa com suas alegres amigas, esperando onde aquela excursão ia parar, afinal já estavam perto de ir embora. Pensava que era muito mais sensato pegar a conta e terminarem a noite...
Mas tudo parecia muito mágico naquela quinta feira, afinal quem ia pensar em chuva naquela noite linda?
Quando a mesa baixou ela percebeu que o "bom samaritano" não era um garçom... Tratava-se de um homem muito bonito. Era alto e grisalho e com um sorriso desses que amolece qualquer coração empedernido.
Sua amiga ofereceu a Ele um lugar à mesa, uma vez que a dele havia ficado completamente encharcada.
Ele recusou com polidez afirmando que não gostaria de atrapalhar a conversa delas.
_Um perfeito cavalheiro. Ela pensou examinando-o com cuidado.
Sua amiga continuou a insistir dizendo que estavam para pedir a conta e que era o máximo, que podiam fazer, para agradecer a sua gentileza.
Ela aproveitou o momento e foi ao toalete, para se refazer do desastre que a chuva havia feito em sua maquiagem e cabelo. Afinal a vaidade era seu maior pecado.
Ao voltar, percebeu que Ele conversava animadamente. O único lugar vago era justamente ao lado daquele desconhecido.
Sentou-se um tanto resabiada e voltou a conversar com uma das amigas e de vez em quando, respondia a alguma questão que lhe faziam.
Logo depois uma delas foi embora e Ela teve que esperar a outra, que havia lhe prometido uma carona.
Meia hora mais e já havia trocado algumas idéias com Ele, que se mostrava cada vez mais, uma pessoa muito amigável.
Ela estava feliz em ver sua outra amiga conversando com Ele. Justamente a mais fechada de todas, e cheia de pudores, finalmente parecia tão a vontade...Não tinha nem coragem de pedir para ir embora.
Quando finalmente pediram a conta Ele pareceu lamentar muito.
Trocaram cartões e seguiram para casa animadas pela amizade com uma pessoa tão agradável.
Ao chegar em casa Ela ligou a torneira da banheira planejando um tempo para relaxar antes de dormir, sabia que assim o sono viria mais fácil. Aproveitou para tirar a maquiagem
cuidadosamente, quando o seu celular tocou.
Do outro lado uma linda voz masculina lhe pedia desculpas por ter ligado tão tarde mas, imaginava que ainda estivesse acordada...Queria agradecer pela noite tão especial e saber poderiam se encontrar novamente.
Ela, muito desconcertada, conseguiu lhe responder que sim, imaginando que aquele convite estava envolvendo suas amigas também. Desligou o telefone intrigada.
Pensativa se deixou envolver pela espuma da banheira, tentando organizar seus pensamentos...
Afinal porque tudo aquilo estava lhe incomodando? Perguntou a si mesma
_ Era melhor dar um basta em tudo isso. Falou para si mesma.
Levantou da banheira, tomou uma chuveirada e foi dormir certa que aquilo não mais se repetiria.
Dois dias depois Ela viajou de férias e esqueceu completamente de tudo aquilo que havia acontecido .
Um mês depois já de volta a sua casa, atendeu uma ligação e quase não reconheceu aquela voz...
_ Quanto tempo não, disse Ele, pensei que não queria mais falar comigo... Te liguei várias vezes e como não atendia não atendia, pensei que tivesse ficado com chateada com alguma coisa...
Surpresa e sem jeito Ela respondeu:
- Não foi nada disso . Na verdade estava fora da minha cidade de férias, o telefone ficou a maior parte do tempo desligado e como não gravei o seu número, não retornei suas ligações.
Ele riu sedutoramente do outro lado ...
_E ai a gente pode sair?
Ela ficou surpresa com o convite mas, conseguiu manter o controle sobre a sua voz
_ Bom vou falar com minhas amigas, se elas puderem eu vou. Ligue amanhã que lhe dou uma posição.
Desligou o telefone estupefata...
O que estava acontecendo? Por que aquele homem ficava lhe ligando? Será que ela havia lhe dado alguma possibilidade de aproximação sem ela tivesse percebido? Estava tão confusa. Tinha tanto medo de parecer vulgar...
Falou com suas amigas e todas toparam o encontro do dia seguinte.
No outro dia quando Ele ligou e combinaram o local e a hora para reunirem-se . Durante o dia mais tres ligações foram feitas dele para Ela certificando-se de que tudo estaria certo para mais tarde...
Ela ficava cada vez mais confusa se havia agido certo aceitando aquele encontro... Não estava pronta para dar esperanças de relacionamento a ninguém.
Mas depois pensou que já não era nehuma adolescente e que não havia nada de errado em aceitar aquele convite.
À noite procurou vestir-se da forma mais formal possível. Não queria surpresas. Intimamente tinha uma desconfiança que o foco não era ela e sim sua amiga.
Era nisso que se apoiava e lhe dava coragem de comparecer.
Na hora marcada elas chegaram ao local combinado e Ele já estava esperando...
Elegantemente vestido, levantou-se de forma cortez para recebe-las mas, sua amiga o convenceu a ir para outra mesa, mais perto dos músicos que enchiam o lugar de sons da melhor qualidade.
Ele puxou a cadeira para sua amiga e Ela mais que depressa sentou-se em uma cadeira próxima para não oferecer a Ele nenhuma possibilidade de aproximação...
Ela precisava manter tudo sobre o seu controle.
Minutos mais tarde uma outra amiga chegou e as conversas se sucederam.
Parecia haver assunto para muitas noites...
Ela aproveitou um momento e saiu da mesa, para fumar no lugar adequado, fora do restaurante. Sabia que quanto mais distância estivesse daquele homem, mais segura Ela estaria...
Por que será que Ele mexia tanto com Ela?
_ Vim ficar um pouco com você, para que não ficasse sozinha aqui...
Ficou surpresa mas Ela sabia de quem era aquela voz...
Virou-se lentamente e lá estava Ele, com aquele olhar sedutor prescrutando sua alma dentro dos seus olhos.
_ Não precisa se preocupar, aqui é seguro - Foi o máximo que Ela conseguiu dizer.
_ Esse cheiro do cigarro é um perigo, faz tempo que deixei de fumar
_ Isso quer dizer que você está com vontade de transgredir? Ela falou e riu meio sem jeito
_ Eu posso? Disse Ele carinhosamente
_ É, eu acho que um traguinho não vai ser um pecado tão grande.
_ É, também acho que não...
Pegou o cigarro de suas mãos e o levou a boca, tragando com força
O tempo parecia ter parado enquanto a fumaça saia daquela boca ...
Mas por que diabos Ela havia falado aquilo tudo? pensou atônita.
Culpou o martini que havia tomado.Certamente estava tendo atitudes que não aprovava.
_ Esse cigarro está uma delícia, disse Ele com aquela voz de locutor de rádio
_ É quando a gente passa muito tempo sem fumar parece que é o gosto...
_ Não é nada disso - interrompeu Ele e continuou
_ É porque passou pela boca que estou apaixonado há um mês ... completou ele provocante
E agora...
Era tudo que Ela não estava preparada para ouvir naquele momento.
Por mais que tentasse fazer "cara de paisagem" certamente não conseguiria...
_Vai dizer que você não percebeu que estou interessado em você? Perguntou Ele jogando charme.
_ Imagina... Pensava que você estava interessado em minha amiga - Falava tentando não gaguejar.
Uma parte dela queria sair dali, mas a outra queria ficar para sempre.
Quanto tempo havia passado em sua vida sem receber um galanteio daquele. Podia até ser falso, mas era bom de ouvir certamente...
_ Acho melhor entrarmos, minhas amigas devem estar estranhando esse tempo todo que estamos aqui fora.
Sem esperar resposta, entrou no restaurante sem saber se Ele a acompanhava.
Ao chegar à mesa percebeu que suas amigas trocaram olhares e que haviam entendido tudo. Uma delas pediu licença para se retirar e a deixou sem muitas explicações.
Ela se sentia tão desonesta com aquela amiga pois, sabia que era a mais próxima dele e com quem mais conversava.
Talvez tivesse interessada por ele...
_ Meu Deus por que estou permitindo que tudo isso esteja acontecendo. Pensou Ela se questionando confusa.
O grupo agora menor parecia ter a conversa mais difícil pois o olhares entre eles não eram mais os mesmos e foi ai que a segunda amiga comunicou que ia embora.
Pensando em pedir carona e dirigindo-se para o carro da amiga Ela ouviu Ele dizer...
_ Queria tanto poder dar uma volta na beira mar
Sua amiga prontamente aprovou o convite e disse a Ele piscando o olho
_ A noite está linda mas como tenho que trabalhar cedo amanhã Ela vai com você porque mora mais perto do mar... Riu para Ele de forma cúmplice e entrou no carro.
Ela, ficou ali, paralisada, enquanto Ele abria a porta do carro educadamente esperando que Ela se acomodasse. Ele não se tratava mais de uma pessoa estranha...
No dia que antecedera o encontro, Ela já havia pesquisado tudo sobre Ele e sabia tratar-se de uma pessoa muito confiável.
Sentou-se escorada a porta do carro, com a mão sobre o trinco da porta.
Todas as fibras de seu corpo estavam tensas...
Ele ligou o carro e parecia muito relaxado. Falava sobre algo que Ela não conseguia se concentrar.
De repente parou o carro num local mais calmo e lhe disse suavemente.
_ Eu não faria nada com você que não permitisse, pode relaxar...
Ela sorriu meio sem jeito daquela atitude tão adolescente e afastou-se da porta um pouco mais.
_ Essa lua está linda não é mesmo? Disse Ele tentando entabular uma conversa
Ela balançou a cabeça afirmativamente e viu o reflexo do satélite refletido no mar...
A atmosfera era romântica demais para o seu tão pouco controle...
Ele tocou sua mão com suavidade e levou à boca, depositando na palma um beijo suave.
_ Eu jamais lhe faria mal nenhum... Disse Ele com a voz rouca de desejo
Ligou o carro e continuou a seguir até o final da beira mar em silêncio.
Ela conseguiu falar enfim .
_ Você sabe que essa nossa situação não tem passado nem futuro não é mesmo?
_ Sei - Ele afirmou prontamente
_ E que nessa nossa idade ninguém pode cobrar nada de ninguém não é mesmo ?
_ É também penso assim... Ele concordava sério
_ Bom se for assim então podemos continuar e ver onde tudo isso vai dar...
Ela estava tão certa que tinha tudo sobre controle...
_ Então posso te dar um beijo, Ele perguntou
E Ela, que naquele momento, queria parecer moderna e dona do seu tempo aquieceu...
_ Pode
Ele aproximou-se com delicadeza e beijou-a. No início com delicadeza mas, os dois corpos queriam muito mais e o beijo foi ficando cada vez mais exigente.
Sabendo que estava nas últimas forças do seu controle Ela pediu com um fio de voz...
_ Você me prometeu levar para casa não foi?
Ele olhou-a bem dentro dos olhos e visitou novamente sua alma.
Sabia naquele momento que a teria facilmente, mas certamente muito mais por seus valores do que seu desejo, preferiu concordar.
Tocou com carinho seus cabelos, seu pescoço...
Afastou a jaqueta dela, deixando aparecer seu colo ainda protegido pela camiseta e depositou um beijo...
_ Me apaixonei há um mês por sua boca, mas hoje me apaixonei pelo seu colo... Você é uma pessoa especial. Sua voz saia arrastada e cheia de mais desejo
Afastou- se lentamente e pediu que ensinasse o endereço de sua casa.
Ela não sabia mais o que dizer...Por que Ele era tão maravilhosamente sedutor?
Sabia que precisava tomar cuidado com o que estava acontecendo com Ela.
Afinal havia feito um discurso de relacionamento de uma frieza implacável, era essa a imagem que queria oferecer para Ele...
Uma dama de ferro
Quando chegou no portão de sua casa Ele puxou-a lentamente para si e beijou-a no pescoço tocando-a com suavidade na nuca...
_ Ligue para mim quando quiser - sua voz saiu mais rouca
_ Não vou ligar, não quero atrapalhar sua vida. Quando você quiser, ligue.
Deu um sorriso e afastou-se rapidamente. Sequer olhou para trás.
Precisava fugir dele isso era certo. Sabia que Ele era uma pessoa capaz de quebrar seu controle. Ele havia mexido com um terreno bem perigoso para ela... Suas emoções
Precisava se preparar para resistir.
No domingo seguinte Ele lhe ligou e perguntou de sua vida e quando poderiam se encontrar de novo... Ela quase capitulou diante daquela voz cheia de sedução.
Mas a vida dela estava repleta de compromissos e viagens de trabalho, cuidadosamente agendadas para mantê-lo distante...
Ela ainda não estava pronta para uma relação tão diferente e sem compromissos como havia proposto e com uma pessoa absurdamente apaixonante.
Não seria mais refém de ninguém em sua vida.
Mas as ligações se sucediam e as mensagens mútuas via email iam fortalecendo esses estranhos laços...
Até que numa certa quinta feira, Ela recebe um telefonema dele perguntando se estava em sua cidade. Ela afirma que sim...
Ele, que vinha chegando de uma viagem, pergunta se podem se encontrar naquele dia e Ela, achando que já estava totalmente segura, aceita.
Juntos, transformam aquela quinta feira, numa poesia de delicadas sensações...
No dia seguinte Ela acorda renovada, seu coração todavia, começa a dar sinais que não devia.
_ Estou apaixonada? Mais que diabos estava acontecendo? Pensou Ela intrigada com o que estava sentindo
Se percebeu desejando o dia inteiro que ele lhe telefonasse... Mas o silêncio foi total.
Não resistiu, precisava falar com ele estava tão feliz... Se sentia com 15 anos.
Arrebanhou todas as forças e esqueceu de todos os seus pudores e ligou para Ele...
Com surpresa percebeu que não era a mesma pessoa que lhe atendeu. Parecia ser outro homem, muito diferente. Não era mais seu cavalheiro, seu príncipe de armadura reluzente
Ele parecia ter medo dela, falava de culpas...
O dia que havia começado cheio de sol, havia ficado cinza de repente...
Então Ela se sentiu tremendamente só com sua alegria sem sentido...
Nos dias que se seguiram, passou a enviar a Ele todo tipo de mensagens que fossem capazes de mostrar a Ele quem era Ela...
Afinal se conheciam tão pouco. E estava tão perdida com tudo aquilo.
Se perguntava porque havia permitido tanta intimidade, não estavam prontos certamente.
Ela percebia finalmente, que não tinha perfil para relações sem afetividade, precisava se sentir amada ...
Mas essa, não era a forma de relação que Ela havia proposto a Ele, sob a luz do luar.
Percebia então que estava traindo um compromisso acertado.
Problema dela que estava se apaixonando...
Mas Ela insistia em mostrar a Ele sua alma...
Quem sabe assim Ele perceberia que Ela era diferente do que queria mostrar naquele dia, no princípio de tudo.
Até que houve outra quinta feira...
E Ele lhe ligou querendo vê-la.
Ela de tão feliz, pensou enfim ter-lhe tocado o coração...
Passou horas tentando escolher a roupa que ia parecer mais bonita, para seu cavaleiro de armadura reluzente...
Aprontou-se com apuro.Mas ele não apareceu...
Milhões de justificativas foram depositadas em seu ouvido, pelo telefone.
Ela foi dormir triste, porque sabia que estava tentando acreditar em coisas que não existiam...
Na outra semana Ele lhe ligou ainda pedindo desculpas e combinando outro encontro e Ela, com sua auto estima ainda tão baixa, aceitou .
Afinal era quinta feira...
Viveram uma noite tão repleta de momentos , uma noite plena de paixão.
E Ela novamente pensou ter tocado o coração daquele homem bonito ...
No dia seguinte a história se repetiu .
Seu principe se transformou novamente em sapo, deixando sua vida um pântano de culpas ...
Ela precisava terminar com tudo aquilo...
Precisava pensar nas quintas feiras mágicas, para ter coragem de aprender a viver novamente consigo mesma...
Ai Ela se fez silêncio
Ai Ela se fez ausência
Ai Ela percebeu que Ele não sabia o que era o seu amor...
Ele sabia o que era seu próprio desejo, era o que tinha para lhe oferecer ...
Era o combinado...só isso
Ai Ela percebeu como Ele era só...
Como não sabia viver seus sonhos...
Havia transformado o ato de sonhar em transgressão.
Ele só se permitia sonhar nas quintas feiras.
Nos dias que se seguiam vivia desgraçadamente afundado em trabalho e culpas, em troca de um arremedo de vida para ser o que os outros queriam que ele fosse.
Ele tinha que ser um sucesso... Isso era o que lhe parecia.
Pensou nele com carinho,não podia evitar.
Já gostava dele de verdade, não podia mudar isso.
Mas a vida havia lhe ensinado a duras penas, que deveria gostar muito de si própria para poder correr a trás do que valia a pena.
E Ele tinha tudo para valer a pena para Ela...
E porque Ela sabia que Ele se transformava em principe às quintas feiras, Ela lhe dava mêdo! Porque Ele parecia vislumbrar através de toda aquela magia, possibilidades de questionar sua construção rígida de vida organizada, em que Ele envelhecia.
Ela tocava o corpo dele e percebia esse sofrimento.
Então decidiu que não iria mais sofrer por Ele nem por Ela mesma.
Chegou a outra quinta feira e Ela decidiu ligar, a despeito do silêncio dele...
Perguntou corajosamente a Ele se poderiam se encontrar...
Ele que estava em sua casa cansado de um dia inteiro de trabalho não pareceu tão animado, mas Ela que estava decidida a ser feliz, não desistiu e foi ter com Ele.
Não mais encontrou aquele homem entusiasmado e sedutor dos primeiros dias...
Ele definitivamente não parecia um príncipe...
Era só um homem com medo de tudo que Ela podia significar
Olhava para ele e lembrava da poesia Conto de Nadas de Diego Grando..
Era uma vez
um principe encantado
transformado em sapo.
Era uma vez
uma donzela adormecida
que aguardava um beijo.
Era uma vez
uma possibilidade...
Então Ela foi carinhosa com Ele mesmo no seu pantano de dor.
Porque apesar de tudo Ela lhe queria muito bem.
Tocou seu corpo tão cansado e maltratado por uma vida de razões e de certezas...
Espalhou óleos essenciais suavemente tentando afastar suas dores.
E eram tantas...
Ele foi se entregando com receio, porque sabia que Ela sempre trazia consigo a possibilidade da transgressão na sua intimidade...
Ele a achava "over demais" na sua vida...
Ela lhe deu um sorriso triste, mas Ele nem notou...
Estava "too heavy ", Ela pensou
Ele com medo de gostar dela, não conseguia mais fitar seus olhos nem beijar a palma de sua mão. Porque no seu íntimo sabia que ela já tinha significado para Ele...
Melhor que não tivesse.
E nessa quinta feira, que lhe parecia ser a última...
Ela o deixou em casa, refeito das dores do seu corpo, pelo toque de suas mãos repletas de carinho. Repleto de beijos, simulacros do seu amor.
Mas ainda havia dor na profundidade do seu olhar...
Entretanto Ela não podia salva-lo disso...
Queria poder protege-lo de tanto.
Mas sabia fazer parte da dor do seu olhar e isso lhe era penoso...
Ele a acompanhou até a porta e desejou que Ela ficasse bem...
Ela olhou para trás e lhe desejou o mesmo...
Ele por medo de gostar dela, preferiu se manter na segurança do real
Ela, porque gostava muito dele, queria que Ele se apoderasse do seus próprios sonhos...
Ai guardou seus beijos para possíveis quintas feiras, quando Ele quisesse ser príncipe.
Quando não tivesse medo de se transformar, com a magia que Ela lhe trazia...
Ela que já gostava dele...
Se fez bonita
Se fez silêncio
Se fez ausência
Se fez para sempre, a lembrança das possibilidades de quintas feiras mágicas ...
Estacionou o carro ao chegar em casa, abriu a janela do quarto e ouviu ao longe os sons de um sucesso dos anos oitenta.
"Eu protegi teu nome por amor, com um codinome beija flor"
Sorriu, olhando para o céu repleto de estrelas, como na noite em que o conheceu.
Preparou um martini, acendeu um cigarro e ficou feliz consigo mesma.
Já não temia sentir emoção nenhuma.
Tinha as chaves do seu próprio reino e agora havia aprendido a permitir que sapos virassem príncipes
Estava inteira.
Sabia esperar
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